sábado, 22 de maio de 2010

Live and Let Die

Não há quem não imagine pelo menos uma vez qual a melhor forma para morrer, quando se começa a pensar nessa possibilidade como uma coisa mais real, e nem me refiro ao suicídio, mas sim ao fim involuntário da existência… Já ouvi alguns relatos sobre quase morte e como essas pessoas se sentiram por quase morrer por algo que realmente gostassem, nunca fora tão real quanto a minha, que abriu um novo leque nas experiências que já vivi.
Em uma tarde de terça-feira, quem diria, nem ao menos o dia fora bem escolhido. um portão, uma pessoa, palavras sem nexo proferidas rápidas demais para que pudessem ser compreendidas por esta mente preguiçosa e cansada… Mas parecia suspeita demais para qualquer outra coisa, mas quem disse que eu ia me preocupar com suspeitas?
Normalmente não sou assim, acredito na razão das coisas, naquela crença de que nada acontece por acaso e que aquilo mais uma vez não era um acontecimento vão, mas daquela vez em que eu mais precisei ter essa crença, não a tive…
Eram três coisas muito suspeitas, a bebida, o doce e o salgado, todos aparentemente muito perigosos quando só mesmo o bolo parecia ser, então, inocente olhei para aqueles inocentes salgados, cumplicidade… Não fora o único a provar deles… Cinco cúmplices. Este era o número.
Brincadeiras, zoação… Nunca se dá muita importância para as coisas, até que elas se tornem reais… Então uma saída, cerca de 20 minutos depois, um lance de escadas, uma surpresa: ao terminar de subir, parecia ter corrido uma maratona. Ofegava, cansado de subir apenas alguns degrais, objetivo concluído, a descida, quando ao descer o primeiro lance de escadas a visão, que já é embaçada pela falta de clareza que as coisas acontecem em minha mente, de repente começa a pender para o breu… Essa não! A escuridão! E o ar que me faltava antes, agora mais ausente em meus pulmões, a ponto de acelerar os batimentos cardíacos e me fazer balançar e eu tentando respirar, mas o ar não passava pela garganta, parecia fechada, como se algo me estrangulasse ao mesmo tempo em que havia pego meu coração na mão e o apertava. Uma dor terrível, mas a calma ainda permanecia pela ideia da liberdade, tomei algum fôlego e desci o que restava de escadas, chegando ao corredor, procurei por água ao mesmo tempo em que imaginava se iria vomitar, avistei o bebedouro mas parecia longe demais para as minhas fracas pernas alcançarem, elas não tinham mais força, estavam debilitadas e pedindo por descanso, esse que eu não poderia dar, pois queria muito beber água… Bebedouro desligado e sem água, e o pensamento: “Hm, é agora então.” surgiu em minha mente, engraçado, mas ainda estava calmo enquanto achava mais forças pra ir no banheiro, onde consegui beber água, depois me sentando em um banco esperando tal veneno fazer o efeito e me levar de tudo aquilo, realmente parecia a hora, pois o coração, acelerado pedia por mais respiração, que também ficava cada vez mais irregular… Até que foi acalmando e parando aos poucos, como um concerto que chegava ao fim com cada vez menos volumes dos instrumentos… Até que cessou… Então pude perceber o quanto foi forte ter sido envenenado…

Psicologicamente, e como o nosso psicológico é realmente forte. Toda essa experiência de quase morte pareceu tão real pra mim quanto tentei exprimir acima, pois a mesma pessoa que deixou os suspeitos bolo, salgado e refrigerante disse que no dia seguinte buscaria 5 caixas grandes. E 5 pessoas comeram, logo, 5 caixões.
E o fato de ficar pensando e brincando com isso que abriu essa porta.
Agora, é hora de aprender a usar toda essa força do psicológico sobre o corpo, em benefício próprio.